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Mostrando postagens com o rótulo Brasil

Cinco dias de fúria: Revolta da Vacina envolveu muito mais do que insatisfação com a vacinação

Luana Dandara (Portal Fiocruz) Foram apenas cinco dias, mas marcaram a história da saúde pública no Brasil. No início de novembro de 1904, o Rio de Janeiro, então capital federal, foi palco da maior revolta urbana que já tinha sido vista na cidade.  A Revolta da Vacina deixou um saldo de 945 prisões, 110 feridos e 30 mortos, segundo o Centro Cultural do Ministério da Saúde.  O estopim da rebelião popular foi uma lei que determinava a obrigatoriedade de vacinação contra a varíola. Mas havia um complexo e polêmico panorama social e político por trás da revolta, e diferentes fatores ajudam a explicar melhor os protestos. Dados do Instituto Oswaldo Cruz mostram que, naquele ano, uma epidemia de varíola atingiu a capital. O Rio de Janeiro, aliás, sofria com várias outras doenças (como peste bubônica, tuberculose e febre amarela) e era conhecido no exterior pelo nada elogioso apelido de “ túmulo dos estrangeiros ”. Só em 1904, cerca de 3.500 pessoas morreram na cidade vítimas da varíola, e c

Considerações sobre a Luta Abolicionista de Joaquim Nabuco

Considerações sobre a Luta Abolicionista de Joaquim Nabuco Jorge Machado Universidade de São Paulo, 1994 Referência.: Machado, Jorge (1994) Estudos JM, n.2 ano 3. Disponível online:  http://each.usp.br/machado/soc/bibliot/machado/abolicionismo.htm "(...) Não tenho, portanto, medo de que o presente volume que eu espero por parte de um número bastante considerável de compatriotas meus, a saber: os que sentem a dor do escravo como se fora própria, e ainda mais, como parte de uma dor maior - a do Brasil, ultrajado e humilhado; os que têm a altivez de pensar - e a coragem de aceitar as consequências desse pensamento - que a pátria, como a mãe, quando não existe para os filhos mais infelizes, não existe para os mais dignos; aqueles para quem a escravidão, da degradação sistemática da natureza humana por interesses mercenários e egoístas, se não é infamante para o homem educado e feliz que a inflige, não pode sê-lo para o ente desfigurado e oprimido que a sofre; por fim os que conhecem a

Gilberto Gil toma posse como 'imortal' da Academia Brasileira de Letras

O cantor, compositor e ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil , de 79 anos, tomou posse nesta sexta-feira (8) como membro "imortal" na Academia Brasileira de Letras (ABL). Gil passou a ocupar a Cadeira 20 da Academia, sucedendo o acadêmico Murilo Melo Filho, que foi advogado, escritor e um dos grandes jornalistas brasileiros da segunda metade do século XX. Em seu discurso de posse, Gil lembrou que é o primeiro representante da música popular brasileira a tomar posse na academia. "Entre tantas honrarias que a vida generosamente me proporcionou essa tem para mim uma dimensão especial, não só porque aqui é a casa de Machado de Assis, um escritor universal, afrodescendente como eu, mas também porque a ABL, fundada em 20 de julho de 1897, representa mesmo para quem a critica a instância maior que legitima e consagra de forma perene a atividade de um escritor ou criador cultura em nosso país", afirmou o novo "imortal". "A Academia Brasileira de Letras é a Cas

Aldir Blanc – ‘O bêbado e a equilibrista’

“Mas sei que uma dor assim pungente Não há de ser inutilmente A esperança Dança na corda bamba de sombrinha E em cada passo dessa linha Pode se machucar Azar! A esperança equilibrista Sabe que o show de todo artista Tem que continuar” – da canção “O bêbado e a equilibrista”, Aldir Blanc e João Bosco em 1979 “E um bêbado trajando luto Me lembrou Carlitos” Os composoitores João Bosco e Aldir Blanc, em 1982 Foto: Luiz A. Barros / Agência O Globo Aldir Blanc e João Bosco – A história de ‘O bêbado e a equilibrista’, hino da Anistia e um clássico da música brasileira Em 25 de dezembro de 1977, morria na Suíça o genial comediante e cineasta inglês Charles Chaplin. No Brasil, o cantor, violonista e compositor João Bosco sentiu a necessidade de homenagear o artista e, entre o Natal e o Ano Novo, começou a rascunhar um samba que remetia ao personagem mais famoso de Chaplin, o vagabundo Carlitos. E aí resolveu chamar o seu parceiro de fé, Aldir Blanc, para pôr letra na sua criação. Só que nas mão

A desconhecida ação judicial com que advogado negro libertou 217 escravizados no século 19

 Em um dia do mês junho de 1869, uma nota no jornal chamou a atenção de Luiz Gama, advogado considerado um herói nacional por seu ativismo abolicionista no século 19. A notícia relatava que a família do comendador português Manoel Joaquim Ferreira Netto, um dos homens mais ricos do Império, estava brigando na Justiça pelo espólio do patriarca, morto repentinamente em Portugal. Ferreira Netto tinha uma grande fortuna: 3 mil contos de réis (cerca de R$ 400 milhões em valores atuais), distribuídos em inúmeras fazendas, armazéns comerciais, sociedade em empresas lucrativas, e centenas de pessoas negras escravizadas em suas propriedades. WIKICOMMONS.  Legenda da foto,  Luiz Gama foi figura-chave no movimento abolicionista brasileiro Em uma linha de seu testamento, publicado em um jornal um ano antes, o comendador fez um pedido comum entre grandes proprietários de escravos da época: depois de sua morte, ele gostaria que todos fossem libertados. A "alforria post mortem" era vista co