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Mostrando postagens com o rótulo Dicas de Leitura

A cigarra e a formiga: uma fábula para ensinar às crianças o valor do esforço

 A fábula “A cigarra e a formiga” é uma daquelas histórias que vale a pena partilhar com os mais pequenos de casa. A sua autoria é atribuída a Esopo , mas foi posteriormente recriada por Jean de La Fontaine e Félix María Samaniego . A fábula conta a história de uma cigarra que passa todo o verão cantando enquanto a formiga trabalhava duro para reunir suprimentos para o inverno. Uma história que trata da importância da previsão e do esforço que, sem dúvida, vem a calhar para refletir sobre essa questão com as crianças. Foi um verão muito quente, provavelmente um dos mais quentes das últimas décadas. Talvez por isso a cigarra tenha decidido dedicar as horas do dia a cantar alegremente debaixo de uma árvore. Ela não tinha vontade de trabalhar, só queria aproveitar o sol e cantar, cantar e cantar. Então foi assim que seus dias se passaram, um após o outro. Um daqueles dias uma formiga passou carregando um grão de trigo muito grande, tão grande que mal conseguia segurá-lo nas costas. Ao vê-

Comprando soldados: uma estratégia de recrutamento para a Guerra do Paraguai

Para dar conta do conflito que já durava quase dois anos, o Império do Brasil criou uma Lei que permitia a alforria de escravos em troca de serviço militar – e dinheiro para o “seu senhor”. por Denise Moraes Quase dois anos de guerra já haviam se passado. As forças militares brasileiras, que tinham argentinos e uruguaios como aliados, estavam desorganizadas. Aquele ano fora particularmente difícil para os soldados no front: em abril de 1866 teve início a invasão ao desconhecido território paraguaio. Uma verdadeira guerra de posições. O deslocamento das tropas era demorado e custoso; o Exército brasileiro estava desarticulado. A derrota dos aliados na Batalha de Curupaiti, em setembro, evidenciaria o esgotamento de suas forças. Procissão religiosa durante a Guerra do Paraguai. Fonte: Fundação Biblioteca Nacional, também presente no livro “Guerra do Paraguai – Memórias e Imagens”, de Ricardo Salles. Longe do palco da “Guerra do Paraguai”, as autoridades brasileiras viam o recrutamento en

“A história do Brasil é marcada por diversas experiências de lutas pela terra”

Há algumas semanas, a pesquisadora Alessandra Gasparotto, professora do Departamento de História da Universidade de Pelotas, me escreveu a fim de divulgar seu mais recente livro didático, “História de Luta pela terra no Brasil (1960-1980)”, escrito em parceria com o sociólogo Fabrício Teló, que foi meu colega na Universidade Federal Fluminense (UFF) por volta de 2015, quando ambos fomos professores substitutos na instituição. Imagem extraída do site https://www.campanhacerrado.org.br/ O livro é um projeto fantástico e que está disponível gratuitamente para download. Além de envolvente e bem escrito, ele é cheio de boxes explicativos, fotografias, recortes de jornais e diversos tipos de ilustrações. Embora seja um livro paradidático, isso é, um livro que visa aprofundar os conhecimentos dos alunos sobre um determinado tema visto em sala de aula, “História de Luta pela terra no Brasil” é acessível a todos e todas. Minha ideia inicial era fazer uma notícia divulgando o lançamento, mas o p

Virginia Woolf tentou ‘curar’ sua loucura pelo suicídio

 Na manhã de sexta-feira, 28 de março de 1941, um dia claro, luminoso e frio, Virginia foi como de costume ao seu estúdio no jardim. Lá, escreveu duas cartas e atravessou os prados até o rio.  Deixando a bengala na margem, ela esforçou-se para pôr uma grande pedra no bolso do casaco. Depois encaminhou-se para a morte Em 28 de março 2020 completará 80 anos que a escritora inglesa Virginia Woolf se matou. Virginia, que hoje tende a ser comparada (desfavoravelmente) a James Joyce, que ela considerava (invejosamente) um operário autodidata, morreu aos 59 anos, jogando-se no Rio Ouse, em 1941. A obra de Virginia permanece gerando polêmica. Para alguns, ainda é inovadora. Para outros, teria envelhecido. A revolução de Virginia estaria obscurecida pela revolução de Joyce. Talvez o mais justo seja não comparar os dois autores, percebendo, antes, que há diferenças, apesar de estarem próximos (literalmente), entre eles. Sobre sua vida, é possível saber alguma ou muita coisa, principalmente depoi

Big Brother: como o conceito de George Orwell aparece na cultura pop

Reality show foi inspirado no clássico "1984", em que a autoridade do "Grande Irmão" segue os passos de toda a população por meio de câmeras 1984 é um romance distópico criado pelo escritor britânico George Orwell e publicado em 1949. É nele que surge o conceito de "Big Brother", uma autoridade que vigia as pessoas o tempo todo (Foto: Reprodução/catracalivre)  Apesar de ser um famoso reality show no Brasil e no mundo, o verdadeiro Big Brother tem sua origem na literatura . Ele é uma das premissas do livro 1984, do escritor britânico George Orwell . No romance, o personagem do Grande Irmão é o líder supremo do cenário (a fictícia Oceânia) que controla toda a população. Na história, todos os cantos públicos e privados estão ligados às “teletelas”, uma espécie de câmera capaz de monitorar, gravar e espionar a intimidade da sociedade — assim como acontece na casa do Projac, que abriga todo ano os participantes do reality. Escrita no sécu

Amor, Força e Criação

É bom amar tanto quanto possamos, pois nisso consiste a verdadeira força, e aquele que ama muito realiza grandes coisas e é capaz –– e o que se faz por amor está bem feito. Quando ficamos admirados com um ou outro livro, por exemplo, tomando ao acaso: “A Andorinha”, “A Calhandra”, “O Rouxinol”, “As Aspirações do Outono” [...] é por quê estes livros foram escritos de coração, na simplicidade e na pobreza de espírito. Se só pudéssemos dizer umas poucas palavras, mas que tivessem sentido, seria melhor que pronunciar muitas que não fossem mais que sons vazios, e que poderiam ser pronunciadas com tanto mais facilidade, quanto menos utilidade tivessem. Se continuarmos a amar sinceramente o que na verdade é digno de amor, e não desperdiçarmos nosso amor com coisas insignificantes, nulas e insipidas, obteremos pouco a pouco mais luz e nos tornaremos mais fortes. — Van Gogh. Cartas a Théo. Coleção L&PM POKET: abril de 1997, p. 27. Obra de arte: “O Pintor na Estrada de Tarasco

Nesta rara entrevista, Simone de Beauvoir fala sobre existencialismo, religião, casamento, amor livre

“Penso que amar, de fato, não é querer possuir, mas que amar seja querer criar elos com o outro ser que não são de possessão, no mesmo sentido de possuir uma roupa ou o que comemos.” – Simone Beauvoir. A escritora e feminista francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), consagrada por um livro fundamental para o movimento feminista, “O segundo sexo”, um marco teórico do feminismo no século XX, publicado em 1949. Formada em filosofia pela Universidade de Sorbonne, onde conheceu outros jovens intelectuais, como Maurice Merleau-Ponty, René Maheu e Jean-Paul Sartre – com quem manteve um relacionamento por toda a vida -, De Beauvoir escreveu romances, ensaios, biografias, (e até uma autobiografia!) sobre filosofia, política e questões sociais. Uma mulher atual, pensadora essencial de nosso tempo em suas mais diversas facetas: o existencialismo, a relação com Jean-Paul Sartre, o ativismo político, o feminismo, os romances e a análise sociológica. Beauvoir, continua sendo discu