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Mostrando postagens com o rótulo Dicas de Leitura

Lima Barreto: o escritor do povo, intérprete do brasil do pós abolição.

Lima Barreto é um dos escritores mais importantes da literatura brasileira, e sua obra é fundamental para refletirmos sobre o significado do 13 de maio. Filho de pais negros e nascido em 1881, ele cresceu em um Brasil recém-saído da escravidão, mas ainda profundamente marcado pelo racismo e pela exclusão social. A Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888, aboliu oficialmente a escravidão, mas não garantiu nenhum direito ou reparação às pessoas negras libertas. Lima Barreto foi uma das vozes mais contundentes ao denunciar essa falsa abolição. Por meio de sua literatura, mostrou como o preconceito e a desigualdade continuaram estruturando a sociedade brasileira. Infância Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em  13 de maio de 1881, sete anos antes da abolição da escravatura . Filho de pais negros e pobres, enfrentou o preconceito racial desde cedo. Criado com esforço pelo pai após a morte precoce da mãe, estudou no Colégio Pedro II e ingressou na Escola Politécni...

A cigarra e a formiga: uma fábula para ensinar às crianças o valor do esforço

 A fábula “A cigarra e a formiga” é uma daquelas histórias que vale a pena partilhar com os mais pequenos de casa. A sua autoria é atribuída a Esopo , mas foi posteriormente recriada por Jean de La Fontaine e Félix María Samaniego . A fábula conta a história de uma cigarra que passa todo o verão cantando enquanto a formiga trabalhava duro para reunir suprimentos para o inverno. Uma história que trata da importância da previsão e do esforço que, sem dúvida, vem a calhar para refletir sobre essa questão com as crianças. Foi um verão muito quente, provavelmente um dos mais quentes das últimas décadas. Talvez por isso a cigarra tenha decidido dedicar as horas do dia a cantar alegremente debaixo de uma árvore. Ela não tinha vontade de trabalhar, só queria aproveitar o sol e cantar, cantar e cantar. Então foi assim que seus dias se passaram, um após o outro. Um daqueles dias uma formiga passou carregando um grão de trigo muito grande, tão grande que mal conseguia segurá-lo nas costas. Ao...

Comprando soldados: uma estratégia de recrutamento para a Guerra do Paraguai

Para dar conta do conflito que já durava quase dois anos, o Império do Brasil criou uma Lei que permitia a alforria de escravos em troca de serviço militar – e dinheiro para o “seu senhor”. por Denise Moraes Quase dois anos de guerra já haviam se passado. As forças militares brasileiras, que tinham argentinos e uruguaios como aliados, estavam desorganizadas. Aquele ano fora particularmente difícil para os soldados no front: em abril de 1866 teve início a invasão ao desconhecido território paraguaio. Uma verdadeira guerra de posições. O deslocamento das tropas era demorado e custoso; o Exército brasileiro estava desarticulado. A derrota dos aliados na Batalha de Curupaiti, em setembro, evidenciaria o esgotamento de suas forças. Procissão religiosa durante a Guerra do Paraguai. Fonte: Fundação Biblioteca Nacional, também presente no livro “Guerra do Paraguai – Memórias e Imagens”, de Ricardo Salles. Longe do palco da “Guerra do Paraguai”, as autoridades brasileiras viam o recrutamento en...

“A história do Brasil é marcada por diversas experiências de lutas pela terra”

Há algumas semanas, a pesquisadora Alessandra Gasparotto, professora do Departamento de História da Universidade de Pelotas, me escreveu a fim de divulgar seu mais recente livro didático, “História de Luta pela terra no Brasil (1960-1980)”, escrito em parceria com o sociólogo Fabrício Teló, que foi meu colega na Universidade Federal Fluminense (UFF) por volta de 2015, quando ambos fomos professores substitutos na instituição. Imagem extraída do site https://www.campanhacerrado.org.br/ O livro é um projeto fantástico e que está disponível gratuitamente para download. Além de envolvente e bem escrito, ele é cheio de boxes explicativos, fotografias, recortes de jornais e diversos tipos de ilustrações. Embora seja um livro paradidático, isso é, um livro que visa aprofundar os conhecimentos dos alunos sobre um determinado tema visto em sala de aula, “História de Luta pela terra no Brasil” é acessível a todos e todas. Minha ideia inicial era fazer uma notícia divulgando o lançamento, mas...

Virginia Woolf tentou ‘curar’ sua loucura pelo suicídio

 Na manhã de sexta-feira, 28 de março de 1941, um dia claro, luminoso e frio, Virginia foi como de costume ao seu estúdio no jardim. Lá, escreveu duas cartas e atravessou os prados até o rio.  Deixando a bengala na margem, ela esforçou-se para pôr uma grande pedra no bolso do casaco. Depois encaminhou-se para a morte Em 28 de março 2020 completará 80 anos que a escritora inglesa Virginia Woolf se matou. Virginia, que hoje tende a ser comparada (desfavoravelmente) a James Joyce, que ela considerava (invejosamente) um operário autodidata, morreu aos 59 anos, jogando-se no Rio Ouse, em 1941. A obra de Virginia permanece gerando polêmica. Para alguns, ainda é inovadora. Para outros, teria envelhecido. A revolução de Virginia estaria obscurecida pela revolução de Joyce. Talvez o mais justo seja não comparar os dois autores, percebendo, antes, que há diferenças, apesar de estarem próximos (literalmente), entre eles. Sobre sua vida, é possível saber alguma ou muita coisa, principalme...