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Mostrando postagens com o rótulo Literatura

Lima Barreto: o escritor do povo, intérprete do brasil do pós abolição.

Lima Barreto é um dos escritores mais importantes da literatura brasileira, e sua obra é fundamental para refletirmos sobre o significado do 13 de maio. Filho de pais negros e nascido em 1881, ele cresceu em um Brasil recém-saído da escravidão, mas ainda profundamente marcado pelo racismo e pela exclusão social. A Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888, aboliu oficialmente a escravidão, mas não garantiu nenhum direito ou reparação às pessoas negras libertas. Lima Barreto foi uma das vozes mais contundentes ao denunciar essa falsa abolição. Por meio de sua literatura, mostrou como o preconceito e a desigualdade continuaram estruturando a sociedade brasileira. Infância Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em  13 de maio de 1881, sete anos antes da abolição da escravatura . Filho de pais negros e pobres, enfrentou o preconceito racial desde cedo. Criado com esforço pelo pai após a morte precoce da mãe, estudou no Colégio Pedro II e ingressou na Escola Politécni...

Milton Hatoum é eleito imortal da Academia Brasileira de Letras

A Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu o escritor Milton Hatoum, 72, para ocupar a cadeira n.º 6 da instituição. Ele foi eleito com 33 votos de um total de 34 possíveis, em disputa que contou com outros cinco candidatos. O mais novo imortal da ABL irá ocupar a vaga deixada pela morte do jornalista Cícero Sandroni em 17 de junho deste ano. Hatoum é romancista, contista, ensaísta, tradutor e professor universitário, e nasceu em 19 de agosto de 1952, em Manaus, capital do Amazonas. Segundo o presidente da ABL, Merval Pereira, o autor " é o maior escritor brasileiro vivo e é um romancista de primeira ordem ". Hatoum morou durante a década de 1970 em São Paulo e se formou em arquitetura na Universidade de São Paulo (USP). Ele estreou na ficção com " Relato de um Certo Oriente " (1989), seu primeiro romance que levou o Prêmio Jabuti daquele ano e ganhou adaptação para o cinema. Seu segundo romance, " Dois Irmãos " (2000), ganhou adaptações para o teatro e ...

Gilberto Gil toma posse como 'imortal' da Academia Brasileira de Letras

O cantor, compositor e ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil , de 79 anos, tomou posse nesta sexta-feira (8) como membro "imortal" na Academia Brasileira de Letras (ABL). Gil passou a ocupar a Cadeira 20 da Academia, sucedendo o acadêmico Murilo Melo Filho, que foi advogado, escritor e um dos grandes jornalistas brasileiros da segunda metade do século XX. Em seu discurso de posse, Gil lembrou que é o primeiro representante da música popular brasileira a tomar posse na academia. "Entre tantas honrarias que a vida generosamente me proporcionou essa tem para mim uma dimensão especial, não só porque aqui é a casa de Machado de Assis, um escritor universal, afrodescendente como eu, mas também porque a ABL, fundada em 20 de julho de 1897, representa mesmo para quem a critica a instância maior que legitima e consagra de forma perene a atividade de um escritor ou criador cultura em nosso país", afirmou o novo "imortal". "A Academia Brasileira de Letras é a Cas...

Big Brother: como o conceito de George Orwell aparece na cultura pop

Reality show foi inspirado no clássico "1984", em que a autoridade do "Grande Irmão" segue os passos de toda a população por meio de câmeras 1984 é um romance distópico criado pelo escritor britânico George Orwell e publicado em 1949. É nele que surge o conceito de "Big Brother", uma autoridade que vigia as pessoas o tempo todo (Foto: Reprodução/catracalivre)  Apesar de ser um famoso reality show no Brasil e no mundo, o verdadeiro Big Brother tem sua origem na literatura . Ele é uma das premissas do livro 1984, do escritor britânico George Orwell . No romance, o personagem do Grande Irmão é o líder supremo do cenário (a fictícia Oceânia) que controla toda a população. Na história, todos os cantos públicos e privados estão ligados às “teletelas”, uma espécie de câmera capaz de monitorar, gravar e espionar a intimidade da sociedade — assim como acontece na casa do Projac, que abriga todo ano os participantes do reality. Escrita no sécu...

Augusto dos Anjos - o poeta amargo, angustiado e pessimista

O meu nirvana No alheamento da obscura forma humana,  De que, pensando, me desencarcero,  Foi que eu, num grito de emoção, sincero  Encontrei, afinal, o meu Nirvana!  Nessa manumissão schopenhauereana,  Onde a Vida do humano aspecto fero  Se desarraiga, eu, feito força, impero  Na imanência da Idéia Soberana!  Destruída a sensação que oriunda fora  Do tato -- ínfima antena aferidora  Destas tegumentárias mãos plebéias --  Gozo o prazer, que os anos não carcomem,  De haver trocado a minha forma de homem  Pela imortalidade das Idéias!  - Augusto dos Anjos, in "Eu e outras poesias". 42ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998. "Ah! Dentro de toda a alma existe a prova  De que a dor como um dartro se renova,  Augusto dos Anjos Quando o prazer barbaramente a ataca...  Assim também, observa a ciência crua,  Dentro da elipse ...

Amor, Força e Criação

É bom amar tanto quanto possamos, pois nisso consiste a verdadeira força, e aquele que ama muito realiza grandes coisas e é capaz –– e o que se faz por amor está bem feito. Quando ficamos admirados com um ou outro livro, por exemplo, tomando ao acaso: “A Andorinha”, “A Calhandra”, “O Rouxinol”, “As Aspirações do Outono” [...] é por quê estes livros foram escritos de coração, na simplicidade e na pobreza de espírito. Se só pudéssemos dizer umas poucas palavras, mas que tivessem sentido, seria melhor que pronunciar muitas que não fossem mais que sons vazios, e que poderiam ser pronunciadas com tanto mais facilidade, quanto menos utilidade tivessem. Se continuarmos a amar sinceramente o que na verdade é digno de amor, e não desperdiçarmos nosso amor com coisas insignificantes, nulas e insipidas, obteremos pouco a pouco mais luz e nos tornaremos mais fortes. — Van Gogh. Cartas a Théo. Coleção L&PM POKET: abril de 1997, p. 27. Obra de arte: “O Pintor na Estrada de Tarasco...

“Um Conto de Natal”, uma releitura de Dostoiévski.

A casa antiga de três andares um dia abrigara uma família de posses, elegante. Quem saberia dizer desde quando havia sido abandonada aos gatos, aos ratos, aos insetos e aos pássaros? Parte do telhado havia cedido e as marcas da umidade que avançava eram visíveis mesmo do lado de fora do imóvel. Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski foi um escritor, filósofo e jornalista do Império Russo. É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história, bem como um dos maiores "psicólogos" que já existiram (Reprodução) Há algum tempo, dizia a vizinhança, uma empresa surgira e apropriara-se do imóvel. Três ou quatro trabalhadores haviam erguido um muro na porta de entrada e cerraram as janelas com tábuas. Pouco importava a deterioração pela qual passava o sobrado, aliás, aparentemente contava-se com que o tempo tudo destruísse, afinal, o que valia era o terreno. Certo dia o sobrado abandonado foi descoberto por um pequeno grupo de desvalidos da sorte que polvilham ...

João Guimarães Rosa – Carta de Manuel Bandeira ‘O romance de Riobaldo’

AMIGO MEU, J. Guimarães Rosa, mano-velho, muito saudar! Me desculpe, mas só agora pude campear tempo para ler o romance de Riobaldo. Como que pudesse antes? Compromisso daqui, obrigação dacolá… Você sabe: a vida é um Itamarati – viver é muito dificultoso. Ao despois de depois, andaram dizendo que você tinha inventado uma língua nova e eu não gosto de língua inventada. Sempre arreneguei de esperantos e volapuques. Vai-se ver, não é língua nova nenhuma a do Riobaldo. Difícil é, às vezes. Quanta palavra do sertão! A princípio, muito aplicadamente, ia procurar a significação no dicionário. Não encontrava. Pena o título: Grande Sertão: Veredas. Nenhum dicionário dá a palavra “vereda” com o significado que você mesmo define à página 74: “Rio é só o São Francisco, o Rio do Chico. O resto pequeno é vereda.” Tinha vezes que pelo contexto eu inteligia: “ciriri dos grilos”, “gugo da juriti” etc. Mas até agora não sei, me ensine, o que é “arga”, “suscenso”, “lugugem” e um...