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Mostrando postagens com o rótulo Literatura Estrangeira

Virginia Woolf tentou ‘curar’ sua loucura pelo suicídio

 Na manhã de sexta-feira, 28 de março de 1941, um dia claro, luminoso e frio, Virginia foi como de costume ao seu estúdio no jardim. Lá, escreveu duas cartas e atravessou os prados até o rio.  Deixando a bengala na margem, ela esforçou-se para pôr uma grande pedra no bolso do casaco. Depois encaminhou-se para a morte Em 28 de março 2020 completará 80 anos que a escritora inglesa Virginia Woolf se matou. Virginia, que hoje tende a ser comparada (desfavoravelmente) a James Joyce, que ela considerava (invejosamente) um operário autodidata, morreu aos 59 anos, jogando-se no Rio Ouse, em 1941. A obra de Virginia permanece gerando polêmica. Para alguns, ainda é inovadora. Para outros, teria envelhecido. A revolução de Virginia estaria obscurecida pela revolução de Joyce. Talvez o mais justo seja não comparar os dois autores, percebendo, antes, que há diferenças, apesar de estarem próximos (literalmente), entre eles. Sobre sua vida, é possível saber alguma ou muita coisa, principalmente depoi

Franz Kafka e a Metamorfose nossa de cada dia

Aviso: o texto abaixo contém spoilers de A Metamorfose. Primeiro leia e se transforme em um inseto, depois volte “Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.” — Franz Kafka em A Metamorfose Que começo, não? Sem nem explicar porquê, como, quando, onde ou como, Franz Kafka nos introduz a sua obra A Metamorfose. Curto e grosso. De certo a história é muito enigmática. São lançadas ao leitor mais dúvidas do que respostas e muitas pessoas acabam o livro perdidas ou pensando “é isso? sério que é só isso?”. Se foi o caso não se sinta mal, certamente não foi o único. Não há como dizer com toda a certeza do mundo quais foram as intenções do autor neste livro. Apenas ele tinha uma ideia clara do que ele queria passar como mensagem em suas palavras, o que deixa aberto a nós, leitores, a possibilidade de criar diversas interpretações distintas da trama. Tratarei aqui de duas que considero ai

O feminismo do grande, imenso Um teto todo seu, de Virginia Woolf

Um teto todo seu (A Room of One`s Own, 1929) é um dos mais surpreendentes livros da célebre ficcionista inglesa Virginia Woolf. A primeira surpresa é o fato de não ser ficção; a segunda é a absoluta ousadia no trato do assunto abordado: o feminismo. Mas há mais. O livro nasceu a partir de duas palestras chamadas “As mulheres e a ficção”, proferidas por Virginia para a plateia essencialmente feminina da Sociedade das Artes, na Londres de outubro de 1928. O texto de Virginia tem a qualidade estupenda de seus livros da época. Mrs. Dalloway (1925), Passeio ao Farol (1927) e Orlando (1928) foram seus predecessores; As Ondas (1931) deu continuidade à série de obras-primas. Encrustado na sequência principal de romances de Virginia, o ensaio Um teto todo seunão decepciona de modo algum. O livro tem cerca de 140 páginas. Não pensem que ela o leu por inteiro em duas noites – algo como 70 páginas por dia – , na verdade o texto foi bastante ampliado para publicação logo após as palestra

Sem educação, os homens ‘vão matar-se uns aos outros’, diz neurocientista António Damásio

O neurocientista António Damásio advertiu que é necessário “educar massivamente as pessoas para que aceitem os outros”, porque “se não houver educação massiva, os seres humanos vão matar-se uns aos outros”. O neurocientista português falou no lançamento do seu novo livro A Estranha Ordem das Coisas, na Escola Secundária António Damásio, em Lisboa, onde ele defendeu perante um auditório cheio que é preciso educarmo-nos para contrariar os nossos instintos mais básicos, que nos impelem a pensar primeiro na nossa sobrevivência. “O que eu quero é proteger-me a mim, aos meus e à minha família. E os outros que se tramem. […] É preciso suplantar uma biologia muito forte”, disse o neurocientista, associando este comportamento a situações como as que têm levado a um discurso anti-imigração e à ascensão de partidos neonazis de nacionalismo xenófobo, como os casos recentes da Alemanha e da Áustria. Para António Damásio, a forma de combater estes fenômenos “é educar maciçamente as pess

Acreditar em Si Mesmo — acender a própria lareira

Em nossos tempos desconfiamos sempre daquele que acredita em si mesmo; outrora, acreditar em si mesmo era suficiente para levar outros a crer na gente.  A receita para obter fé hoje é: "Não te poupes a ti mesmo! Se quiseres que tua opinião seja vista sob uma luz favorável, começa por acender tua própria lareira!". — Friedrich Wilhelm Nietzsche , in O Viajante & Sua Sombra - aforismo 319. Obra de arte por Tim Rayner. Fonte: Literatus

Maya Angelou: “Ainda assim eu me levanto”

Maya Angelou, figura extraordinária das letras norte-americanas, foi porta-voz dos anseios e da revolta dos negros. Amiga de Martin Luther King e de Malcolm X, a vida inteira dedicou-se à militância pelos direitos civis de seu povo. Nascendo em Saint Louis – Missouri, partindo de uma infância miserável e cheia de tropeços no Sul profundo, educou-se, para consagrar-se a duas causas: a seu povo e à poesia. Viajou pelo país fazendo campanhas onde fosse necessário; posteriormente percorreria também a África, sempre denunciando a injustiça. Artista polivalente, fez teatro, cinema, televisão, dança. Autora de livros de memórias e assessora de presidentes, soube empunhar a poesia como arma de luta pela emancipação. Selecionamos o mais famoso de seus poemas, verdadeira declaração de princípios que serve como hino de guerra da resistência à opressão e é recitado por toda parte em ocasiões públicas. Desafio ao opressor, reitera o refrão “Eu me levanto”, trazendo para o poema as conotaç