Reality show foi inspirado no clássico "1984", em que a autoridade do "Grande Irmão" segue os passos de toda a população por meio de câmeras
1984 é um romance distópico criado pelo escritor britânico George Orwell e publicado em 1949. É nele que surge o conceito de "Big Brother", uma autoridade que vigia as pessoas o tempo todo (Foto: Reprodução/catracalivre)
Apesar de ser um famoso reality show no Brasil e no mundo, o verdadeiro Big Brother tem sua origem na literatura. Ele é uma das premissas do livro 1984, do escritor britânico George Orwell. No romance, o personagem do Grande Irmão é o líder supremo do cenário (a fictícia Oceânia) que controla toda a população.
Na história, todos os cantos públicos e privados estão ligados às “teletelas”, uma espécie de câmera capaz de monitorar, gravar e espionar a intimidade da sociedade — assim como acontece na casa do Projac, que abriga todo ano os participantes do reality.
Escrita no século 20, a obra reflete uma crítica ao totalitarismo, já que os moradores não poderiam, de forma alguma, contestar o sistema criado pelo regime. Com o slogan “O Grande Irmão está de olho em você", 1984 tem como protagonista Winston Smith, um funcionário do governo que tem como função falsificar registros históricos, a fim de moldar o passado de acordo com os interesses tirânicos. Ao longo da ficção, o leitor se depara com o desafio do herói na luta contra a opressão.
Após grande sucesso, o livro inspirou outras narrativas que pautam o dia a dia de pessoas que estão sendo vigiadas. Confira algumas referências à obra na cultura pop:
1. O Show de Truman
Em "O Show de Truman", um jovem tem sua vida televisionada o tempo todo para um reality show (Foto: Reprodução/Medium)
O longa norte-americano é de 1998 e dirigido por Peter Weir. Protagonizado por Jim Carrey, o filme conta a vida de Truman Burbank, um agente de seguros que não sabe que, desde pequeno, está vivendo em uma realidade simulada por um programa da televisão, transmitido 24 horas por dia para pessoas ao redor do mundo.
Até sua cidade, Seahaven, é um cenário fictício povoado por atores e a equipe do programa, permitindo que Christof, o produtor do reality, controle todos os aspectos da vida de Truman, até o clima e seus possíveis sentimentos. Entretando, a saga não sai como esperado e Truman sente o desejo de escapar.
2. The Circle
No reality show "The Circle", os participantes são filmados o tempo todo interagindo entre si apenas por meio de um aplicativo (Foto: Reprodução/Parade)
O novo reality show da Netflix é simples: oito pessoas que moram em um complexo de apartamentos, isoladas umas das outras, são capazes de se comunicar apenas através de uma plataforma de mídia social — o "Círculo".
O desafio é que os participantes podem mentir e omitir informações na corrida pelo prêmio de US$ 100 mil, ou seja, ninguém sabe quem está mentindo ou falando a verdade. A série aborda um fenômeno social muito comum na atualidade: as formas imprevisíveis e previsíveis de como nos comportamos nos espaços on-line.
3. Jogos Vorazes
Na trama da saga "Jogos Vorazes", a população é controlada pela Capital tirana. Os jogos, que valem a vida de cada um, são monitorados e transmitidos para a população (Foto: Reprodução/Itpop)
A série de filmes norte- americana é baseada nos livros homônimos da autora Suzanne Collins. Na distopia, 12 distritos são controlados pela Capital, que os força a escolher anualmente um garoto e uma garota para competir em um evento televisionado.
Toda a população assiste aos jogos, nos quais os jovens lutam até a morte, de modo que apenas um sai vitorioso. O evento, completamente monitorado, visa manter o poder do governo. Porém, dois jovens — Katniss e Peeta — entram no jogo e preparam um desafio contra o sistema. O longa, apesar de distópico, trata de temas como desigualdade social, manipulação da mídia, autoritarismo e revoluções.
4. White Bear, episódio de Black Mirror
No episódio da série Black Mirror, "White Bear", a protagonista é perseguida por "espectadores" que filmam todos os seus passos (Foto: Reprodução/Medium)
White Bear é o segundo episódio da segunda temporada da série de ficção científica Black Mirror. A trama gira em torno de uma mulher, Victoria Skillane, que não se lembra quem é ao acordar em um lugar onde quase todos são controlados por um sinal de televisão.
Quando sai de casa, ela nota que várias pessoas a filmam e fotografam com seus celulares, mas ignoram seus pedidos de socorro. A partir daí, Victoria vai em busca do que está "hipnotizando" a população para tentar fazer com que tudo volte ao normal.
Fonte: Galileu
Por BEATRIZ LOURENÇO*
28 JAN 2020 - 17H39 ATUALIZADO EM 28 JAN 2020 - 17H39
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