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Jovita Feitosa: A cearense que fingiu ser homem para ir à guerra do paraguai

Antônia Alves Feitosa, mais conhecida como Jovita Feitosa, nascida na cidade de Tauá, no Ceará, no ano de 1848, teve sua história de vida conhecida pela coragem e determinação, ao decidir mudar sua aparência para lutar na Guerra do Paraguai, em 1865.



Ao ter entrado para o exército, Jovita virou uma figura importante, sendo considerada uma heroína nacional. Passando a ser chamada de Joana D’Arc brasileira. A garota tinha apenas 17 anos quando tomou conhecimento sobre as mortes que aconteciam na Guerra do Paraguai, que já duravam seis meses em meados de 1865. Porém, a sua revolta maior se deu ao saber sobre os as violências sofridas pelas mulheres.


Jovita estava decidida a alistar-se como voluntária para o exército brasileiro e servir como combatente no conflito, no entanto, sua ideia foi muito criticada, pois naquela época, as mulheres não podiam ser aceitas no exército. Foi então que a jovem teve a ideia de mudar sua aparência; cortou os cabelos e atou os seios com bandagens, colocou um chapéu de vaqueiro e vestiu roupas masculinas.


Escondida da família, Jovita viajou a Teresina e se apresentou aos oficiais como um homem. Assim sendo aceita como primeiro sargento no Corpo de Voluntários da Pátria, junto aos 1.302 piauienses que seriam enviados para a guerra do Paraguai.


PLANO DESVENDADO


Infelizmente, Jovita não conseguiu disfarçar suas feições femininas por muito tempo. Seu plano foi descoberto quando outra mulher reparou em suas orelhas furadas e desconfiada, apalpou seus seios que estavam escondidos nas vestes.


A jovem foi levada à delegacia, lamentando o fim de sua aventura. No entanto, o que ela não esperava, era que sua tristeza comoveria o delegado, que lhe concedeu o posto de sargento.


O gesto de Jovita teve repercussão nacional e ela passou a ser uma heroína para a população brasileira, passando a ser chamada de Joana D’Arc brasileira. Jovita recebeu homenagens em peças de teatro e poesias; foi recebida pelas autoridades locais nas cidades que viajava e também jantava com os presidentes das províncias.


Entretanto, os dias felizes acabaram poucos dias depois, quando recebeu uma carta do Ministério da Guerra do Paraguai, que a destituía do posto de sargento. Pois os regulamentos militares não previam a participação de mulheres no exército. E apesar de ter sido convidada para trabalhar como enfermeira, ela recusou e voltou para o Ceará.


Voltando à cidade em que nasceu, Jovita recebeu o desprezo do pai e, portanto, sozinha e desamparada, ela viajou para o Rio de Janeiro. Sem dinheiro para viver, a jovem recorreu à prostituição. Porém, meses depois Jovita conheceu o engenheiro galês Guilherme Noot, por quem se apaixonou e tinha planos de se casar.


AMOR NÃO CORRESPONDIDO


A felicidade de Jovita chegou ao fim, quando recebeu uma carta de seu amado, no qual ele dizia que estava voltando para o seu país, já que os trabalhos no Brasil haviam acabado. Em 1867, aos 19 anos, Jovita apunhalou seu coração com uma faca, sendo encontrada já sem vida no escritório da casa de Noot. Ao lado de seu corpo estava uma carta que dizia: “Não culpem a minha morte a pessoa alguma. Fui eu quem me matei. A causa só Deus sabe”.


O nome de Jovita Feitosa foi escrito no livro de Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.


Fonte: COMGLOSS 

Imagem: NEXO Jornal

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