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Fé cristã fora do armário: livro reúne pensamento religioso que prega acolher pessoas LGBTI+

RIO - A diversidade da sigla LGBTI+ cabe dentro da fé cristã? Quando pensamos no discurso hegemônico da Igreja Católica e das igrejas evangélicas, que historicamente condenaram a homossexualidade, a diversidade e a liberdade sexual, parece impossível responder sim a essa pergunta. No entanto, ganham cada vez mais espaço outras leituras da Bíblia, que pregam o acolhimento e o respeito às diversas orientações sexuais e identidades de gênero. Para divulgar pensamentos cristãos que questionam as interdições da moral sexual comumente propagadas pelas igrejas, a organização Católicas pelo Direito de Decidir lança, neste mês, o livro "Teologias Fora do Armário". A publicação reúne artigos que apresentam pensamentos teológicos contra hegemônicos construídos em torno das questões de gênero e sexualidade, como a teologia queer e o pensamento de teólogas lésbicas. A obra também reflete sobre como o discurso religioso hegemônico muitas vezes legitima a violência contra as mulheres

Mulheres transformam mercado editorial com publicações independentes

As mulheres formam a maioria do público leitor, mas na capa dos livros os nomes femininos ainda são uma minoria. Esse foi um dos motivos para que Débora Gil Pantaleão, 29, criasse a editora Escaleras em junho de 2017, em João Pessoa (PB), de forma independente. Editoras independentes fomentam autores novatos, fazem livros em tiragens menores e não possuem auxílio financeiro de grandes parceiros ou patrocinadores.  A escritora Débora Gil Pantaleão fundou uma editora para abrir espaço para autoras no mercado dos livros De acordo com a quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope em 2015, as mulheres são maior parte de quem lê e influencia o hábito da leitura. A pesquisa consultou uma amostra de 5012 pessoas entre 5 e mais de 70 anos. 52% delas eram mulheres e 48% homens. Mais da metade das pessoas consultadas (67%) disse que não possuiu nenhum responsável ou nenhuma pessoa que incentivasse a leitura na infância. Mas dos 33% que tiveram alguma i

HIROSHIMA: 74 anos da pior aniquilação nuclear da História

Sol, calor, nada para fazer: um baita domingo de verão na base aérea de Tinian, uma das ilhas Marianas, no Pacífico. De folga, os soldados americanos do 509º Grupo Misto aproveitaram para tirar um cochilo, bater papo, se divertir. O major Tom Ferebee, de 26 anos, passou o dia com a luva e a bola de beisebol, ex-jogador do Boston Red Sox, não via a hora de voltar para casa. Momento em que a bomba Little Boy explodiu em Hiroshima / Crédito: Wikimedia Commons O sargento Bob Caron, limpou sua máquina fotográfica. Muitos jogaram pôquer. No fim da tarde, a moleza foi interrompida com a convocação para uma reunião. O ex-capitão da Marinha William Parsons queria dar uma notícia: no dia seguinte, 6 de agosto de 1945, aquele grupo de jovens lançaria sobre Hiroshima, no Japão, uma das arma mais terríveis da história. "A bomba que vocês vão jogar é uma coisa nova nas guerras. É a mais poderosa arma já produzida. Vai destruir uma área de cinco quilômetros quadrados." Até a

'Se brasileiro soubesse como a conquista do voto foi difícil, daria mais valor'

Mary del Priore é uma das principais historiadoras do Brasil. Com mais de 50 livros publicados, a professora carioca já vendeu milhares de exemplares e foi uma das responsáveis por levar os livros de história para além do ambiente acadêmico, conquistando o público com textos agradáveis.  Seu lançamento mais recente foi o livro "As Vidas de José Bonifácio" (Editora Sextante, R$ 44), abordando as diversas facetas do Patriarca da Independência.  Nesta entrevista ao Destak, Mary falou sobre o processo de independência do Brasil, defendeu a importância do estudo da história, criticou a relação do governo de Jair Bolsonaro com a educação pública e fez uma análise das crises permanentes do Brasil.  Qual a real importância de José Bonifácio para a independência do Brasil?  - José Bonifácio foi um dos muitos protagonistas do movimento de emancipação, que vinha se construindo, há tempos, pelas elites brasileiras. Ao contrário do que muitos pensam, ele desejava ma

João Guimarães Rosa – Carta de Manuel Bandeira ‘O romance de Riobaldo’

AMIGO MEU, J. Guimarães Rosa, mano-velho, muito saudar! Me desculpe, mas só agora pude campear tempo para ler o romance de Riobaldo. Como que pudesse antes? Compromisso daqui, obrigação dacolá… Você sabe: a vida é um Itamarati – viver é muito dificultoso. Ao despois de depois, andaram dizendo que você tinha inventado uma língua nova e eu não gosto de língua inventada. Sempre arreneguei de esperantos e volapuques. Vai-se ver, não é língua nova nenhuma a do Riobaldo. Difícil é, às vezes. Quanta palavra do sertão! A princípio, muito aplicadamente, ia procurar a significação no dicionário. Não encontrava. Pena o título: Grande Sertão: Veredas. Nenhum dicionário dá a palavra “vereda” com o significado que você mesmo define à página 74: “Rio é só o São Francisco, o Rio do Chico. O resto pequeno é vereda.” Tinha vezes que pelo contexto eu inteligia: “ciriri dos grilos”, “gugo da juriti” etc. Mas até agora não sei, me ensine, o que é “arga”, “suscenso”, “lugugem” e um

O desaparecimento de Josef Mengele

Josef Mengele, o médico nazista que ficou conhecido como Anjo da Morte no campo de concentração de Auschwitz, escolhia o destino de suas vítimas: as câmaras de gás, os trabalhos forçados ou seu laboratório, alimentado diariamente com anões, gigantes, deformados e gêmeos para pesquisas e experimentos macabros. Ele consegue escapar dos tribunais no fim da Segunda Guerra Mundial, mudando-se para a América do Sul em 1949, quando chega à Argentina. Escondido sob vários pseudônimos, Mengele acredita poder levar uma vida nova em Buenos Aires. A Argentina de Perón é benevolente, o mundo inteiro quer esquecer os crimes cometidos pelos nazistas. Mas a perseguição recomeça e o médico precisa fugir para o Paraguai e depois para o Brasil. Sua mudança de esconderijo para esconderijo não cessou até a sua morte misteriosa em uma praia brasileira no ano de 1979. Como um médico da mais temida organização nazista pôde passar despercebido por trinta anos?  O desaparecimento de Josef Me

“Os Sertões’ tem que ser lido todos os dias, enquanto persistir a situação dos pobres brasileiros ”

A 17ª Festa Literária de Paraty (Flip) começou nesta quarta-feira bem ao estilo de seu homenageado, Euclides da Cunha: densa, dura e desbravadora de linguagens. Música e literatura misturaram-se em uma noite em que Walnice Nogueira Galvão, ensaísta e crítica literária, brindou o público com todos os seus conhecimentos de décadas da obra euclidiana. "Euclides viu de perto, pela primeira vez, o povo brasileiro. Viu que o povo brasileiro é mestiço, messiânico, analfabeto, e não os brancos ricos do Rio de Janeiro", afirmou, ao referir-se a Os Sertões durante uma conferência de mais de uma hora, ante uma plateia majoritariamente branca. A ensaísta e crítica literária Walnice Nogueira Galvão, durante abertura da Flip 2019. DIVULGAÇÃO A atualidade da obra que narra a Guerra de Canudos (1896-1897) será debatida até este domingo (14) por 33 intelectuais —sendo 17 mulheres— de 10 nacionalidades, em áreas que vão da sociologia à fotografia e abordando temas como raça, gêner