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“A cultura popular propõe um chão de desafios para nos tornarmos indivíduos melhores”

As escadarias que levam aos andares superiores do Instituto Brincante são forradas de memórias. Retratos emoldurados em madeira revelam os rostos pintados e as indumentárias coloridas de quem fez história no espaço que há mais de duas décadas se dedica a estudar e disseminar a cultura popular brasileira.   Sua fundadora, a brincante e dançarina Rosane Almeida, está em alguns dos quadros, ora sozinha performando, ora de braços dados com o também fundador Antonio Nóbrega. O que é cultura popular, por Antonio Nóbrega Em entrevista para a plataforma Cidades Educadoras, o artista e brincante define a cultura popular como: Um conjunto de manifestações simbólicas que corresponde à uma linhagem formativa de nosso país, que pode ser desdobrada em diversas “configurações educativas”. Quando estrearam o espetáculo conjunto Brincante, em 1992, a dançarina natural de Curitiba (PR) e o ator pernambucano tiveram dificuldades de atrair o interesse dos palcos paulistas para as manifestações culturais q

“Sem os brancos, não é possível superar o racismo”, afirma Silvio Almeida, no Roda Viva

Por Nara Rúbia Ribeiro O jurista, filósofo, escritor e professor Silvio Almeida foi o entrevistado de hoje, 23-06-20 no programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Almeida é doutor em filosofia e teoria do direito pela USP, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e da Universidade Mackenzie, professor visitante da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e presidente da Fundação Luiz Gama. O jurista é também autor de diversas obras sobre filosofia, racismo e consciência de classe, como o livro “Racismo Estrutural”, que discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira. Para o pensador, “a gente só pode sair dessa grande noite juntos”. O professor nos leva a refletir no quão necessário é que a luta por uma sociedade igualitária e com maior justiça não pertença apenas àqueles que historicamente se encontram em situação desvantajosa, acapachante, discriminados por sua raça. Pelo contrário: a luta humanitária é uma missão e prerrogativa do humano, s

Os gregos não inventaram a filosofia

Sem dúvida, as investigações do nosso grupo de pesquisa têm motivado muitas objeções. Os estudos que realizamos sobre filosofia africana não são inéditos; mas o aumento da circulação de material acadêmico no Brasil que problematiza o nascimento da filosofia na Grécia, trazendo à luz fontes africanas mais antigas que as ocidentais, tem sido motivo de críticas variadas. Objeções que alegam: “filosofia” é um termo grego; outras insistem que só na Grécia Antiga o pensamento ganhou tom laico. Ou ainda, perguntam por que deveríamos “impor” o registro filosófico a outras formas de pensamento de povos da antiguidade fora do mundo helênico. Em resumo, tais questões têm sido acompanhadas de argumentos diversos que dizem algo como: a filosofia nasceu na Grécia, desenvolveu-se dentro da ambiência territorial europeia como uma aventura ocidental do pensamento humano. Não cabe destrinchar cada uma das objeções, tampouco teríamos condições de apresentar o vasto elenco de tréplicas em favor da produçã

Lia de Itamaracá e a ciranda na cultura popular brasileira

“Na ciranda me batizei e estou aqui com a ciranda no meio do mundo”, afirmou Lia de Itamaracá, um dos grandes símbolos da identidade e cultura brasileira, ao ser homenageada pelo bloco afro-feminino Ilú Obá de Min na abertura do carnaval de São Paulo (SP), na sexta-feira (dia 21). Nas ruas do centro da capital paulista, o grupo, composto por 450 integrantes, cujo nome significa “mãos femininas que tocam tambor para o rei Xangô”, cantou e tocou para a maior representante da ciranda brasileira. Os cantos da menina faceira da Ilha de Itamaracá, hoje com 76 anos, começaram ainda criança quando frequentava as rodas do Sargaço, Parque São Pedro, do Mestre Antônio Baracho e outros mestres da cultura popular. “Todo meu sonho era cantar, eu achava bonito quem canta, quem dança. Eu dizia sempre assim, meu Deus, eu queria um dia ser uma cantora para cantar para muito público, muita gente, para eu sentir aquele povo todo, será que eu vou alcançar isso meu Deus?”, relembra Lia. Não só alcançou, mas

"O que é o Homem?", poderia perguntar

"O que é o Homem?", poderia perguntar. Como é possível existir no mundo algo assim que, como o caos, fermenta ou como uma árvore apodrecida, mofa, sem jamais alcançar a maturidade? Como a natureza tolera essa uva extemporânea em seus doces cachos? — Friedrich Hölderlin. Hipérion — ou O Eremita na Grécia. Editora Nova Alexandria: São Paulo, 2003, p. 49. Obra de arte por Paul Rumsey . — com Friedrich Nietzsche in Art e Martin Heidegger in Art . Fonte: Literatus

Distopia, você sabe o que é? Definição, conceitos e obras

A palavra distopia, não é tão falada assim no mundo intelectual de hoje. Por isso, seu significado é pouco explorado pelos jovens. Mas, para explicar melhor, a palavra distopia é o contrário da palavra utopia. Em se você não tem ideia do que seja utopia, calma que a gente explica. A palavra, de modo geral, significa um mundo irreal, um universo paralelo, inimaginável, lugar fictício. Basicamente, um mundo que nunca irá existir, pois é um mundo perfeito. Enquanto isso, a palavra distopia que é o contrário de utopia. Ou seja, ela significa um universo autoritário, desigual e com divisão de classes econômicas. Basicamente, um mundo que tem a distopia é um universo controlado pelo Estado, o qual explora a classe inferior, os tornando súditos, um meio opressor, com condições precárias de humanidade. Contudo, nesse mundo os problemas são camuflados, fingindo uma perfeição de sistema, o que resulta em uma estupidez coletiva. Para explicar melhor, os principais traç

Big Brother: como o conceito de George Orwell aparece na cultura pop

Reality show foi inspirado no clássico "1984", em que a autoridade do "Grande Irmão" segue os passos de toda a população por meio de câmeras 1984 é um romance distópico criado pelo escritor britânico George Orwell e publicado em 1949. É nele que surge o conceito de "Big Brother", uma autoridade que vigia as pessoas o tempo todo (Foto: Reprodução/catracalivre)  Apesar de ser um famoso reality show no Brasil e no mundo, o verdadeiro Big Brother tem sua origem na literatura . Ele é uma das premissas do livro 1984, do escritor britânico George Orwell . No romance, o personagem do Grande Irmão é o líder supremo do cenário (a fictícia Oceânia) que controla toda a população. Na história, todos os cantos públicos e privados estão ligados às “teletelas”, uma espécie de câmera capaz de monitorar, gravar e espionar a intimidade da sociedade — assim como acontece na casa do Projac, que abriga todo ano os participantes do reality. Escrita no sécu