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“A história do Brasil é marcada por diversas experiências de lutas pela terra”

Há algumas semanas, a pesquisadora Alessandra Gasparotto, professora do Departamento de História da Universidade de Pelotas, me escreveu a fim de divulgar seu mais recente livro didático, “História de Luta pela terra no Brasil (1960-1980)”, escrito em parceria com o sociólogo Fabrício Teló, que foi meu colega na Universidade Federal Fluminense (UFF) por volta de 2015, quando ambos fomos professores substitutos na instituição. Imagem extraída do site https://www.campanhacerrado.org.br/ O livro é um projeto fantástico e que está disponível gratuitamente para download. Além de envolvente e bem escrito, ele é cheio de boxes explicativos, fotografias, recortes de jornais e diversos tipos de ilustrações. Embora seja um livro paradidático, isso é, um livro que visa aprofundar os conhecimentos dos alunos sobre um determinado tema visto em sala de aula, “História de Luta pela terra no Brasil” é acessível a todos e todas. Minha ideia inicial era fazer uma notícia divulgando o lançamento, mas...

A desconhecida ação judicial com que advogado negro libertou 217 escravizados no século 19

 Em um dia do mês junho de 1869, uma nota no jornal chamou a atenção de Luiz Gama, advogado considerado um herói nacional por seu ativismo abolicionista no século 19. A notícia relatava que a família do comendador português Manoel Joaquim Ferreira Netto, um dos homens mais ricos do Império, estava brigando na Justiça pelo espólio do patriarca, morto repentinamente em Portugal. Ferreira Netto tinha uma grande fortuna: 3 mil contos de réis (cerca de R$ 400 milhões em valores atuais), distribuídos em inúmeras fazendas, armazéns comerciais, sociedade em empresas lucrativas, e centenas de pessoas negras escravizadas em suas propriedades. WIKICOMMONS.  Legenda da foto,  Luiz Gama foi figura-chave no movimento abolicionista brasileiro Em uma linha de seu testamento, publicado em um jornal um ano antes, o comendador fez um pedido comum entre grandes proprietários de escravos da época: depois de sua morte, ele gostaria que todos fossem libertados. A "alforria post mortem" era vist...

Absorvente feito com miolo de pão, muito comum em penitenciárias femininas brasileiras

Absorvente feito com miolo de pão, muito comum em penitenciárias femininas brasileiras.  A pobreza menstrual que muitas vezes afasta meninas da escola também atinge quem está sob custódia do Estado brasileiro.  As mulheres, dentro das prisões, por falta de absorventes, passaram a usar miolos de pão para improvisar o utensílio indispensável durante o período menstrual.  Os relatos foram muito bem colocados no livro "Presos que Menstruam" de Nana Queiroz , um intenso e chocante, mas verdadeiro relato sobre a mulher no cárcere brasileiro.  A brutal vida das mulheres - tratadas como homens - nas prisões brasileiras. Grande reportagem sobre o cotidiano das prisões femininas no Brasil, um tabu neste país, Nana Queiroz alcança o que é esperado do futuro do jornalismo: ao ouvir e dar voz às presas (e às famílias delas), desde os episódios que as levaram à cadeia até o cotidiano no cárcere, a autora costura e ilumina o mais completo e ambicioso panorama da vida de uma presidi...

Jovita Feitosa: A cearense que fingiu ser homem para ir à guerra do paraguai

Antônia Alves Feitosa, mais conhecida como Jovita Feitosa, nascida na cidade de Tauá, no Ceará, no ano de 1848, teve sua história de vida conhecida pela coragem e determinação, ao decidir mudar sua aparência para lutar na Guerra do Paraguai, em 1865. Ao ter entrado para o exército, Jovita virou uma figura importante, sendo considerada uma heroína nacional. Passando a ser chamada de Joana D’Arc brasileira. A garota tinha apenas 17 anos quando tomou conhecimento sobre as mortes que aconteciam na Guerra do Paraguai, que já duravam seis meses em meados de 1865. Porém, a sua revolta maior se deu ao saber sobre os as violências sofridas pelas mulheres. Jovita estava decidida a alistar-se como voluntária para o exército brasileiro e servir como combatente no conflito, no entanto, sua ideia foi muito criticada, pois naquela época, as mulheres não podiam ser aceitas no exército. Foi então que a jovem teve a ideia de mudar sua aparência; cortou os cabelos e atou os seios com bandagens, colocou u...

Virginia Woolf tentou ‘curar’ sua loucura pelo suicídio

 Na manhã de sexta-feira, 28 de março de 1941, um dia claro, luminoso e frio, Virginia foi como de costume ao seu estúdio no jardim. Lá, escreveu duas cartas e atravessou os prados até o rio.  Deixando a bengala na margem, ela esforçou-se para pôr uma grande pedra no bolso do casaco. Depois encaminhou-se para a morte Em 28 de março 2020 completará 80 anos que a escritora inglesa Virginia Woolf se matou. Virginia, que hoje tende a ser comparada (desfavoravelmente) a James Joyce, que ela considerava (invejosamente) um operário autodidata, morreu aos 59 anos, jogando-se no Rio Ouse, em 1941. A obra de Virginia permanece gerando polêmica. Para alguns, ainda é inovadora. Para outros, teria envelhecido. A revolução de Virginia estaria obscurecida pela revolução de Joyce. Talvez o mais justo seja não comparar os dois autores, percebendo, antes, que há diferenças, apesar de estarem próximos (literalmente), entre eles. Sobre sua vida, é possível saber alguma ou muita coisa, principalme...